por
José Augusto de Oliveira Maia
25.08.2013
25.08.2013
O texto abaixo foi produzido como parte de um material promocional para exibição do filme "Martinho Lutero", em 29/10/2011, na Igreja Batista da Lapa, por ocasião dos 494 anos do início da Reforma do século XVI.
MARTINHO LUTERO
(1.483 - 1.563)
Um menino alemão, que nasceu em 10 de novembro de 1.483, na
cidade de Eisleben, no Sacro Império Romano Germânico, seria o principal ator
de um dos eventos mais dramáticos na História do Mundo: Martinho Lutero era seu
nome.
Filho de classe média, Lutero estudou em boas escolas, ingressando
em 1.502 na Universidade de Artes em Erfurt, de onde saiu como mestre em 1.505.
Por opção paterna, iniciou os estudos superiores para
tornar-se advogado, mas abandonou o curso para entrar para a Ordem dos
Agostinianos, tornando-se monge. Segundo alguns historiadores, o susto passado
em meio a uma tempestade o fez prometer a Santa Ana que, se o protegesse,
viraria monge.
Mas o monge Lutero não conseguia se livrar dos tormentos de
consciência do homem Lutero, sempre temendo ir para o inferno por esquecer de
confessar algum pecado ao Deus terrível e vingador que conhecia; como pode um ser
humano, falho e pecador, agradar a este Deus???
Seu superior, conhecedor das inquietações da alma de Lutero,
orientou-o a seguir com seus estudos, que o levaram a tornar-se doutor em
Teologia em 1.512; como professor e padre da Universidade e da Igreja de
Wittenberg, suas aulas e pregações baseadas nas epístolas aos Romanos, aos
Gálatas e aos Hebreus o aproximaram cada vez mais da doutrina da salvação pela
graça mediante a fé em Jesus Cristo, sem o concurso de boas obras, indulgências
ou de sacramentos.
Incomodado com o que via ser o uso e abuso que a Igreja Católica
fazia das indulgências papais, utilizando-as como fonte de renda para o
sustento da Igreja e a construção da Catedral de São Pedro em Roma, Lutero
inicia uma série de questionamentos sobre o valor das indulgências, sua
aplicação sobre os pecados humanos, e sobre a crença que se alastrava de que o
perdão de pecados seria obtido pela compra de indulgências.
Em 31 de outubro de 1.517, Martinho Lutero afixa na porta da
Igreja de Wittenberg suas 95 teses acadêmicas, com o título “Debate para o Esclarecimento do Valor das
Indulgências”. Nota-se de forma clara que, como início das ideias
reformadoras de Lutero, suas 95 teses não pregam o fim imediato das
indulgências, nem questionam de forma absoluta a figura do papa. Apenas
levantam questão sobre a má utilização das indulgências.
Em poucos meses, as teses de Lutero passaram a ser lidas em
toda a Alemanha, adquirindo muita popularidade para seu autor junto à população
humilde, e também de alguns elementos da nobreza alemã; mas quando suas ideias
chegaram a Roma, o papa Leão X, da família Médice, iniciou seus ataques contra
Lutero.
Em julho de 1.519, Martinho Lutero envolve-se em um debate na
Universidade de Leipzig com o teólogo católico Johann Eck; apesar da vitória de
Lutero no debate, os que assistiram ficaram convencidos de que ele defendia as
ideias de Jan Hus, que havia sido condenado pela Igreja Católica como herege
100 anos antes. Era a deixa para que Lutero também fosse condenado.
Como os ataques de Lutero contra a corrupção e os desvios
doutrinários da Igreja não cessavam, em 1.520 Leão X promulga a bula “Exsurge Domine”, ameaçando Lutero de
excomunhão e ordenando que seus escritos fossem destruídos; corajosamente,
Lutero queima em praça pública o documento papal, rompendo definitivamente com
a Igreja.
Convocado em 1.521 pelo imperador do Sacro Império, Carlos V,
a explicar-se diante dele e dos príncipes, Lutero defende sua fé, recusando-se
à retratação; condenado pelo Edito do imperador, ele encontra no príncipe
Frederico da Saxônia um poderoso aliado, que o manteve a salvo da execução
escondido em um de seus castelos; lá, o reformador iniciou a tradução da Bíblia
para o alemão.
Até 1.529, a reforma de Lutero pôde avançar pelo império,
pois naquele tempo o imperador estava envolvido em conflitos externos contra a
França e contra os turcos; mas ao final deste período, o Edito imperial contra
Lutero foi reeditado, e os príncipes que apoiaram o reformador manifestaram-se
em protesto (de onde temos a designação de protestante
aos que seguem a reforma iniciada por Lutero).
Lutero não pôde ver o resultado de sua obra na Alemanha, pois
morreu em 1.546; no entanto, após guerras travadas entre príncipes católicos e
protestantes dentro do império, a paz foi assinada em 1.555, permitindo que em cada
território do império fosse seguida a religião adotada por seu príncipe,
dando-se aos descontentes o livre direito de emigrar para outro território.
A instrumentalidade de Deus através da vida de Lutero, e de
outros reformadores da mesma época, permitiu que a Verdade do Evangelho fosse
resgatada num tempo de trevas, e hoje, através do Mundo, milhares podem
alcançar em Cristo o perdão de seus pecados e a vida eterna através da imutável
Verdade da Palavra de Deus.
AS 95 TESES
1. Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt
4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis
fosse penitência.
2. Esta penitência não pode ser entendida como penitência
sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos
sacerdotes).
3. No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência
interior; sim, a penitência interior seria nula, se, externamente, não
produzisse toda sorte de mortificação da carne.
4. Por consequência, a pena perdura enquanto persiste o
ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a
entrada do reino dos céus.
5. O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas
senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.
6. O papa não pode fazer cessar culpa alguma, senão
declarando e confirmando que ela foi perdoada por Deus, ou, sem dúvida, fazendo-a
cessar nos casos reservados para si; fora estes, a culpa permanecerá por
inteiro.
7. Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao
mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.
8. Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos;
segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.
9. Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do
papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da
necessidade.
10. Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles
sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.
11. Essa erva daninha de transformar a pena canônica em
pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente
dormiam.
12. Antigamente se impunham as penas canônicas não
depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.
13. Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão
mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.
14. Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente
traz consigo grande temor, e tanto mais, quanto menor for o amor.
15. Este temor e horror por si sós já bastam (para não
falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão
próximos do horror do desespero.
16. Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma
forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.
17. Parece desnecessário, para as almas no purgatório,
que o horror diminua na medida em que cresce o amor.
18. Parece não ter sido provado, nem por meio de
argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontram fora do estado de
mérito ou de crescimento no amor.
19. Também parece não ter sido provado que as almas no
purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que
nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza.
20. Portanto, sob remissão plena de todas as penas, o
papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.
21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que
afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do
papa.
22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório
de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.
23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a
alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.
24. Por isso, a maior parte do povo está sendo
necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de
absolvição da pena.
25. O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de
modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.
26. O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não
pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.
27. Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo
tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o
céu].
28. Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem
aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da
vontade de Deus.
29. E quem é que sabe se todas as almas no purgatório
querem ser resgatadas? Dizem que este não foi o caso com S. Severino e S.
Pascoal.
30. Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição,
muito menos de haver conseguido plena remissão.
31. Tão raro como quem é penitente de verdade é quem
adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.
32. Serão condenados em eternidade, juntamente com seus
mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de
indulgência.
33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem
as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a
pessoa é reconciliada com Deus.
34. Pois aquelas graças das indulgências se referem
somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.
35. Não pregam cristãmente os que ensinam não ser
necessária a contrição àqueles que querem resgatar ou adquirir breves
confessionais.
36. Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem
direito à remissão pela de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência.
37. Qualquer cristão verdadeiro, seja vivo, seja morto,
tem participação em todos os bens de Cristo e da Igreja, por dádiva de Deus,
mesmo sem carta de indulgência.
38. Mesmo assim, a remissão e participação do papa de
forma alguma devem ser desprezadas, porque (como disse) constituem declaração
do perdão divino.
39. Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo
exaltar perante o povo ao mesmo tempo, a liberdade das indulgências e a
verdadeira contrição.
40. A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao
passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, pelo menos
dando ocasião para tanto.
41. Deve-se pregar com muita cautela sobre as
indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis
às demais boas obras do amor.
42. Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do
papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as
obras de misericórdia.
43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou
emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.
44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a
pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna
melhor, mas apenas mais livre da pena.
45. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e
o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do
papa, mas a ira de Deus.
46. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens
em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma
alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.
47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de
indulgências é livre e não constitui obrigação.
48. Deve-se ensinar aos cristãos que, ao conceder
indulgências, o papa, assim como mais necessita, da mesma forma mais deseja uma
oração devota a seu favor do que o dinheiro que se está pronto a pagar.
49. Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do
papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais
se perdem o temor de Deus por causa delas.
50. Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse
das exações(1) dos pregadores de indulgências, preferiria
reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os
ossos de suas ovelhas.
51. Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria
disposto - como é seu dever - a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem
alguns pregadores de indulgências extraem ardilosamente o dinheiro, mesmo que
para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.
52. Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de
indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma
como garantia pelas mesmas.
53. São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por
causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus
nas demais igrejas.
54. Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo
sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.
55. A atitude do papa é necessariamente esta: se as indulgências
(que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão
e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com
uma centena de sinos, procissões e cerimônias.
56. Os tesouros da Igreja, dos quais o papa concede as
indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo
de Cristo.
57. É evidente que eles, certamente, não são de natureza
temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas
apenas os ajuntam.
58. Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos,
pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz,
a morte e o inferno do ser humano exterior.
59. S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os
tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua
época.
60. É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja,
que lhe foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem este tesouro.
61. Pois está claro que, para a remissão das penas e dos
casos, o poder do papa por si só é suficiente.
62. O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo
Evangelho da glória e da graça de Deus.
63. Este tesouro, entretanto, é o mais odiado, e com
razão, porque faz com que os primeiros sejam os últimos.
64. Em contrapartida, o tesouro das indulgências é o mais
benquisto, e com razão, pois faz dos últimos os primeiros.
65. Por esta razão, os tesouros do Evangelho são as redes
com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.
66. Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as
redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.
67. As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como
as maiores graças realmente podem ser entendidas como tal, na medida em que dão
boa renda.
68. Entretanto, na verdade, elas são as graças mais
ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade na cruz.
69. Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda
a reverência os comissários de indulgências apostólicas.
70. Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com
os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não
preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbido pelo papa.
71. Seja excomungado e maldito quem falar contra a
verdade das indulgências apostólicas.
72. Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a
devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.
73. Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de
qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,
74. muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto
das indulgências, procuram defraudar a santa caridade e verdade.
75. A opinião de que as indulgências papais são tão
eficazes ao ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a
mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.
76. Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais
não podem anular sequer o menor dos pecados veniais(2) no que se refere à sua
culpa.
77. A afirmação de que nem mesmo S. Pedro, caso fosse o
papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e
o papa.
78. Afirmamos, ao contrário, que também este, assim como
qualquer papa, tem graças maiores, quais sejam, o Evangelho, os poderes, os
dons de curar, etc., como está escrito em 1 Co. 12.
79. É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa,
insignemente erguida, equivale à cruz de Cristo.
80. Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos
que permitem que semelhantes conversas sejam difundidas entre o povo.
81. Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que
não seja fácil, nem para os homens doutos, defender a dignidade do papa contra
calúnias ou perguntas, sem dúvida argutas, dos leigos.
82. Por exemplo: por que o papa não evacua o purgatório
por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas - o que seria a
mais justa de todas as causas -, se redime um número infinito de almas por
causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica - que é uma causa
tão insignificante?
83. Do mesmo modo: por que se mantêm as exéquias(3) e os aniversários dos
falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as
doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos
redimidos?
84. Do mesmo modo: que nova piedade de Deus e do papa é
essa: por causa do dinheiro, permitem ao ímpio e inimigo redimir uma alma
piedosa e amiga de Deus, porém não a redimem por causa da necessidade da mesma
alma piedosa e dileta, por amor gratuito?
85. Do mesmo modo: por que os cânones penitenciais - de
fato e por desuso já há muito revogados e mortos - ainda assim são redimidos
com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno
vigor?
86. Do mesmo modo: por que o papa, cuja fortuna hoje é
maior do que a dos mais ricos Crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao
menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos
pobres fiéis?
87. Do mesmo modo: o que é que o papa perdoa e concede
àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à remissão e participação
plenária?
88. Do mesmo modo: que benefício maior se poderia
proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da
mesma forma concedesse essas remissões e participações 100 vezes ao dia a
qualquer dos fiéis?
89. Já que, com as indulgências, o papa procura mais a
salvação das almas do que o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências
outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?
90. Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos
leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor
a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.
91. Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em
conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam
ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.
92. Fora, pois, com todos esses profetas que dizem ao
povo de Cristo: "Paz, paz!" sem que haja paz!
93. Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de
Cristo: "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!
94. Deve-se exortar os cristãos a que se esforcem por
seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno;
95. e, assim, a que confiem que entrarão no céu antes
através de muitas tribulações do que pela segurança da paz.
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https://www.clubedeautores.com.br/book/181552--A_FE_CRISTA?topic=teologia#.V9g4Yh4rLIU
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Acesse o link e assista ao vídeo "O pecado te ameaça à porta 2".
https://www.youtube.com/watch?v=9UTr0MVZbpQ
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____________________
(1) – exação: imposto cobrado de maneira
arbitrária e excessiva
(2) – venial: característica de pecado
leve, que não faz o pecador
perder a Graça
(3) – conjunto de cerimônias fúnebres da
Igreja Católica
Bibliografia
LUTERO, Martinho “Do Cativeiro Babilônico
da Igreja” – Ed. Martin Claret, 2006
PINTO, José Alberto L. de Castro, mons. “Dicionário
prático da cultura católica, bíblica e geral” – Edição ecumênica da Bíblia –
Enciclopédia Barsa – 1972
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