por:
José Augusto de Oliveira Maia
09.07.2018
INTRODUÇÃO
Encerramos a 5ª parte de nosso estudo(*), na qual estudamos a importância da confrontação entre os ensinos do Liberalismo Teológico e as doutrinas cristãs fundamentais, afirmando que "a atuação do Espírito Santo honrará a fiel proclamação da Palavra de Deus, trazendo pecadores ao arrependimento."; a importância da Bíblia como Palavra de Deus em oposição ao engano do Liberalismo Teológico é o tema do presente estudo.
AS DUAS REVELAÇÕES DE DEUS
Encontramos na Bíblia dois tipos de revelação: a revelação natural e a revelação especial.
A revelação natural, através da qual Deus se faz conhecido em toda Sua Criação, é apresentada pelo apóstolo Paulo no início de sua carta endereçada aos cristãos de Roma (Romanos 1:18 - 20; compare com Amós 4:13); ainda exemplificando a revelação natural, temos o texto dos Salmos: "Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos." (Salmo 19:1). Assim, a revelação natural de Deus está presente em Sua Criação, na qual podemos conhecer algo de "Seu eterno poder e Sua natureza divina".
Porém, afirma nosso autor, "a Bíblia também contém o relato de uma revelação absolutamente nova. Essa nova revelação diz respeito ao modo pelo qual pecadores podem entrar em comunhão com o Deus vivo. O caminho foi aberto, de acordo com a Bíblia, por uma ação de Deus, quando fora dos muros de Jerusalém, há quase dois mil anos, o Filho eterno foi oferecido como sacrifício pelos pecados dos homens. O Antigo Testamento olha antecipadamente para esse grande evento, e sobre esse único evento, todo o Novo Testamento encontra seu centro e cerne. Portanto, a salvação, na Bíblia, não é algo que foi descoberto, mas algo que aconteceu. Aí reside o aspecto incomparável da Bíblia. Todas as ideias do Cristianismo poderiam ser encontradas em alguma religião diferente, e ainda assim não haveria o Cristianismo nessa outra religião, pois o Cristianismo não depende de um compêndio de ideias, e sim da narração de um evento. Sem esse evento, de acordo com o Cristianismo, o mundo é totalmente escuro, e a Humanidade está perdida debaixo da culpa do pecado. Não pode existir salvação pela descoberta da verdade eterna, pois a verdade não traz nada a não ser desespero, por causa do pecado. No entanto, algo novo foi introduzido na vida, por meio daquela grande benção que aconteceu, quando Deus ofereceu seu único Filho." (páginas 63 e 64).
O Liberalismo Teológico (LT), porém, opõe-se a essa perspectiva do conteúdo bíblico, criticando a dependência de nossa salvação em relação a um evento tão antigo; "A salvação tem que esperar até que estes relatos sejam bem analisados? (...) Em vez disso, não podemos achar uma salvação que é independente da história, uma salvação que depende somente daquilo que temos aqui e agora?" (página 64).
Tal objeção ignora a evidência do Evangelho na experiência cristã; "A salvação realmente depende do que aconteceu muito tempo atrás, mas esse evento de muito tempo atrás tem efeitos que continuam até hoje. É-nos dito, no Novo Testamento, que Jesus se ofereceu como sacrifício pelos pecados daqueles que iriam crer nele. Esse é o relato de um evento passado. Porém, podemos experimentá-lo hoje, e ao experimentá-lo, descobrimos que é verdadeiro. É-nos dito, no Novo Testamento, que em certa manhã, muito tempo atrás, Jesus ressuscitou dos mortos. Mais uma vez, esse é o relato de um evento passado. Mais uma vez, podemos experimentá-lo hoje, e ao fazê-lo, descobriremos que Jesus realmente é um salvador vivo hoje." (página 64).
O erro do LT é entender e ensinar que a experiência cristã individual é tudo de que necessitamos hoje; "Ter uma experiência presente de Cristo no coração, dizem, não deveria ser defendido, não importa o que a História nos diz sobre os acontecimentos da primeira manhã da páscoa? Não deveríamos nos fazer totalmente independentes dos resultados do estudo bíblico crítico? Não importa que tipo de homem a História nos diga que Jesus de Nazaré foi, não importa o que a História nos diga sobre o real significado de sua morte, ou sobre a história de sua suposta ressurreição, não deveríamos continuar experimentando a presença de Cristo em nossas almas?" (página 65).
Contudo, Machen adverte que esta experiência pode até ser religiosa, mas não é uma experiência cristã; "a experiência cristã depende totalmente de um evento. O cristão fala a si mesmo: 'Eu meditei sobre o problema de como permanecer justo diante de Deus, tentei produzir uma justiça que prevalecerá diante dele; no entanto, quando ouvi a mensagem do Evangelho, aprendi que o que eu lutei para conquistar na minha fraqueza, já foi conquistado pelo Senhor Jesus Cristo, quando ele morreu por mim na cruz, e completou sua obra redentora pela gloriosa ressurreição. Se a salvação ainda não foi realizada, se somente tenho uma vaga ideia do que foi conquistado, então eu sou o mais miserável de todos os homens, pois ainda estou sob meus pecados. Portanto, minha vida cristã depende totalmente da verdade do relato do Novo Testamento'." (página 65).
A experiência cristã só é válida se ajuda a nos convencer da veracidade dos relatos do Novo Testamento; porém, se cortarmos seus vínculos com a narrativa do Evangelho, a experiência cristã por si só não se sustenta.
INSPIRAÇÃO PLENA x DITADO MECÂNICO
Com o objetivo de enfraquecer a autoridade da Bíblia como Palavra de Deus, a pregação liberal ataca a doutrina da inspiração como sendo uma inspiração mecânica.
Porém, a doutrina cristã da inspiração plena das Escrituras defende:
* que a individualidade dos autores humanos é preservada
* que os autores humanos fizeram uso de meios comuns a fim de obter informações para escrever suas narrativas (Lucas 1:1 - 4)
* que seja considerado o contexto histórico em que cada livro foi produzido
Estes aspectos da doutrina da inspiração plena das Escrituras estão em franca oposição ao conceito de uma inspiração mecânica(1).
Por sua vez, o L. T. substitui a doutrina da inspiração plena da Bíblia e sua autoridade por uma aparente escolha pela exclusiva autoridade das falas de Jesus nos Evangelhos, desprezando o ensino contido nas epístolas.
No entanto, as palavras de Jesus preservadas no Evangelho apontam "para a frente, para uma mais completa revelação, que deveria ser dada posteriormente, pelos seus apóstolos." (página 69) (veja João 15:26; 16:7 - 15); tais palavras de Jesus, dando autoridade aos textos apostólicos, ofendem os liberais pois colocam em xeque suas ideias pré-concebidas.
O LT rejeita o propósito de vida de Jesus revelado nas Escrituras - dar Sua vida em resgate de muitos (Marcos 10:45) - e em seu lugar, colocam "elementos no ensino de Jesus - isolados e mal-interpretados - que acabam concordando com os preceitos modernos." (página 70); assim, a verdadeira autoridade aceita pelo LT são seus próprios conceitos, que escolhem como válidas apenas as falas de Jesus que concordam com eles.
Enquanto o cristão encontra na Bíblia a Palavra de Deus como autoridade sobre sua vida, a verdadeira autoridade para o LT são seus próprios princípios. "Não é uma grande surpresa o fato de o Liberalismo ser totalmente diferente do Cristianismo, pois a fundação é diferente. O Cristianismo é fundamentado na Bíblia, baseia-se na Bíblia tanto em seu pensamento como em sua vida. O Liberalismo, por outro lado, é fundamentado nas variáveis emoções do Homem pecaminoso." (página 70).
(*) MACHEN, John Greshan "Cristianismo e Liberalismo" - Shedd Publicações - tradução Caio Cesar Dias Peres - 1ª edição - 2012
(1) acerca da doutrina da inspiração das Escrituras, veja o excelente texto de WARFIELD, B. B. "A inspiração e autoridade da Bíblia", Editora Cultura Cristã, 1ª edição, 2010, páginas 106 a 134; e também STOTT, John "Homens com uma mensagem", Editora Cristã Unida, 1996, páginas 7 e 10
O Liberalismo Teológico (LT), porém, opõe-se a essa perspectiva do conteúdo bíblico, criticando a dependência de nossa salvação em relação a um evento tão antigo; "A salvação tem que esperar até que estes relatos sejam bem analisados? (...) Em vez disso, não podemos achar uma salvação que é independente da história, uma salvação que depende somente daquilo que temos aqui e agora?" (página 64).
Tal objeção ignora a evidência do Evangelho na experiência cristã; "A salvação realmente depende do que aconteceu muito tempo atrás, mas esse evento de muito tempo atrás tem efeitos que continuam até hoje. É-nos dito, no Novo Testamento, que Jesus se ofereceu como sacrifício pelos pecados daqueles que iriam crer nele. Esse é o relato de um evento passado. Porém, podemos experimentá-lo hoje, e ao experimentá-lo, descobrimos que é verdadeiro. É-nos dito, no Novo Testamento, que em certa manhã, muito tempo atrás, Jesus ressuscitou dos mortos. Mais uma vez, esse é o relato de um evento passado. Mais uma vez, podemos experimentá-lo hoje, e ao fazê-lo, descobriremos que Jesus realmente é um salvador vivo hoje." (página 64).
O erro do LT é entender e ensinar que a experiência cristã individual é tudo de que necessitamos hoje; "Ter uma experiência presente de Cristo no coração, dizem, não deveria ser defendido, não importa o que a História nos diz sobre os acontecimentos da primeira manhã da páscoa? Não deveríamos nos fazer totalmente independentes dos resultados do estudo bíblico crítico? Não importa que tipo de homem a História nos diga que Jesus de Nazaré foi, não importa o que a História nos diga sobre o real significado de sua morte, ou sobre a história de sua suposta ressurreição, não deveríamos continuar experimentando a presença de Cristo em nossas almas?" (página 65).
Contudo, Machen adverte que esta experiência pode até ser religiosa, mas não é uma experiência cristã; "a experiência cristã depende totalmente de um evento. O cristão fala a si mesmo: 'Eu meditei sobre o problema de como permanecer justo diante de Deus, tentei produzir uma justiça que prevalecerá diante dele; no entanto, quando ouvi a mensagem do Evangelho, aprendi que o que eu lutei para conquistar na minha fraqueza, já foi conquistado pelo Senhor Jesus Cristo, quando ele morreu por mim na cruz, e completou sua obra redentora pela gloriosa ressurreição. Se a salvação ainda não foi realizada, se somente tenho uma vaga ideia do que foi conquistado, então eu sou o mais miserável de todos os homens, pois ainda estou sob meus pecados. Portanto, minha vida cristã depende totalmente da verdade do relato do Novo Testamento'." (página 65).
A experiência cristã só é válida se ajuda a nos convencer da veracidade dos relatos do Novo Testamento; porém, se cortarmos seus vínculos com a narrativa do Evangelho, a experiência cristã por si só não se sustenta.
INSPIRAÇÃO PLENA x DITADO MECÂNICO
Com o objetivo de enfraquecer a autoridade da Bíblia como Palavra de Deus, a pregação liberal ataca a doutrina da inspiração como sendo uma inspiração mecânica.
Porém, a doutrina cristã da inspiração plena das Escrituras defende:
* que a individualidade dos autores humanos é preservada
* que os autores humanos fizeram uso de meios comuns a fim de obter informações para escrever suas narrativas (Lucas 1:1 - 4)
* que seja considerado o contexto histórico em que cada livro foi produzido
Estes aspectos da doutrina da inspiração plena das Escrituras estão em franca oposição ao conceito de uma inspiração mecânica(1).
Por sua vez, o L. T. substitui a doutrina da inspiração plena da Bíblia e sua autoridade por uma aparente escolha pela exclusiva autoridade das falas de Jesus nos Evangelhos, desprezando o ensino contido nas epístolas.
No entanto, as palavras de Jesus preservadas no Evangelho apontam "para a frente, para uma mais completa revelação, que deveria ser dada posteriormente, pelos seus apóstolos." (página 69) (veja João 15:26; 16:7 - 15); tais palavras de Jesus, dando autoridade aos textos apostólicos, ofendem os liberais pois colocam em xeque suas ideias pré-concebidas.
O LT rejeita o propósito de vida de Jesus revelado nas Escrituras - dar Sua vida em resgate de muitos (Marcos 10:45) - e em seu lugar, colocam "elementos no ensino de Jesus - isolados e mal-interpretados - que acabam concordando com os preceitos modernos." (página 70); assim, a verdadeira autoridade aceita pelo LT são seus próprios conceitos, que escolhem como válidas apenas as falas de Jesus que concordam com eles.
Enquanto o cristão encontra na Bíblia a Palavra de Deus como autoridade sobre sua vida, a verdadeira autoridade para o LT são seus próprios princípios. "Não é uma grande surpresa o fato de o Liberalismo ser totalmente diferente do Cristianismo, pois a fundação é diferente. O Cristianismo é fundamentado na Bíblia, baseia-se na Bíblia tanto em seu pensamento como em sua vida. O Liberalismo, por outro lado, é fundamentado nas variáveis emoções do Homem pecaminoso." (página 70).
(*) MACHEN, John Greshan "Cristianismo e Liberalismo" - Shedd Publicações - tradução Caio Cesar Dias Peres - 1ª edição - 2012
(1) acerca da doutrina da inspiração das Escrituras, veja o excelente texto de WARFIELD, B. B. "A inspiração e autoridade da Bíblia", Editora Cultura Cristã, 1ª edição, 2010, páginas 106 a 134; e também STOTT, John "Homens com uma mensagem", Editora Cristã Unida, 1996, páginas 7 e 10
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