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domingo, 31 de janeiro de 2021

Série de estudos na 2ª Epístola do Apóstolo Pedro - 1ª parte

 por: José Augusto de Oliveira Maia

31/01/2021


Esta série de estudos foi ministrada pelo autor deste artigo na Igreja Batista de Pinheiros, na classe de discipulado chamada Classe Beta, para novos convertidos, entre o final de 2020 e o início de 2021.


INFORMAÇÕES INICIAIS

Esta é a segunda carta do apóstolo Pedro, cuja intenção, segundo ele, é relembrar aos destinatários ensinamentos já recebidos anteriormente (II Pedro 1:12; 3:1, 2); sendo assim, os destinatários desta segunda carta seguramente são os mesmos da primeira: comunidades cristãs nas regiões do Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia (I Pedro 1:1).










II Pedro 1:1 - 11

A expressão usada pelo apóstolo que mais chama nossa atenção no início desta carta é "pleno conhecimento"; em II Pedro 1:2, o pleno conhecimento de Deus e de Jesus é apresentado como o meio pelo qual recebemos de Deus, de maneira multiplicada, graça e paz; já em II Pedro 1:3, o pleno conhecimento "daquele que nos chamou para sua própria glória e virtude" é o meio através do qual o poder de Deus nos dá "tudo de que necessitamos para a vida e para a piedade".

Já nestes três primeiros versículos, vemos então a importância que o nosso conhecimento de Deus e de Cristo tem para a vida cristã prática: é através dele que recebemos de Deus graça, paz e capacitação para uma vida piedosa; esse conhecimento deve ser buscado através do estudo da Palavra de Deus, na qual Ele se revela para nós, e da vivência com o Senhor em nossas vidas. 

Esta operação de Deus em nós tem por objetivo tornar-nos participantes da natureza divina, e nos preservar da corrupção do mundo (II Pedro 1:4).

Ao iniciar esta carta, Pedro refere-se aos destinatários como "aqueles que, mediante a justiça de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo, receberam conosco uma fé igualmente valiosa"; tendo recebido esta fé como ponto de partida, há uma vida de comunhão com Deus e testemunho ao mundo a ser construída sobre ela; é este o ponto que Pedro desenvolve entre os versículos 5 e 7.

Virtude: conforme os comentaristas Bruce e Green, esta característica da vida cristã é bem interpretada como retidão moral e bondade prática; nossa vida deve ser conduzida em afastar-se do pecado e na prática do bem, refletindo o caráter de Cristo(1).

Conhecimento: sabedoria que aprende de Cristo, através do estudo da Palavra, a praticar a vontade de Deus.

Domínio Próprio: o controle das próprias paixões nasce e se desenvolve a partir do conhecimento transformador da vontade de Deus; não só um conhecimento intelectual, mas um conhecimento que é usado pelo Espírito Santo para produzir uma transformação gradual em nós, ao contrário dos falsos mestres que Pedro denuncia mais adiante na carta (II Pedro 2:10; 3:3).

Perseverança: fruto da confiança nas promessas de Deus, ajuda-nos a superar dificuldades externas e também os fracassos pessoais; falhamos sim, mas apesar de nossas falhas, depositamos nossa confiança nas promessas de Deus e seguimos buscando o seu reino em nossas vidas.

Piedade: ainda citando os comentaristas Bruce e Green, reflete-se em uma vida marcada pelo temor a Deus e respeito ao próximo(2).

Fraternidade: amor pelos irmãos que professam a mesma fé em Cristo, e vivem a mesma experiência da nova criação de Deus em nós.

Amor: a origem do amor de Deus por nós, manifestado no sacrifício de Cristo, está no próprio Deus, que é amor, e não em nós, criaturas caídas e rebeldes, que não podemos inspirar amor; este amor é o que Deus quer reproduzir em nós, que devemos amar ao próximo de forma prática, sacrificial e independente de quem seja, como testemunho ao mundo do amor de Deus.

O versículo 8 conclui que uma fé real se desenvolve pelo acréscimo destas qualidades, impedindo que os filhos de Deus tenham uma vida cristã prática inoperante e improdutiva (Tiago 2:26); o contrário também é verdadeiro, (versículo 9), demonstrando uma fé morta. Porém, é importante considerarmos que essa evolução na fé não é linear, um sempre avançar sem recuos, tropeções e quedas; nossa natureza pecaminosa ainda está presente em nós, e a luta entre a nossa natureza humana e o nosso espírito seguirá constante enquanto vivermos nesta realidade material contaminada pelo pecado (Romanos 7:22, 23; Gálatas 5:17; Filipenses 3:1 - 14); por isso, a perseverança se dá por depositarmos nossa confiança nas promessas de Deus, e não em nossos próprios esforços.

Assim, nos versículos 10 e 11, vemos que o chamado que recebemos de Deus deve ser consolidado, não baseado em progresso moral pelo esforço humano, mas no alicerce da fé conforme o Evangelho de Cristo (I Coríntios 15:2; Colossenses 1:21 - 23); sem esta fé, se nossa esperança de resultados for depositada em nosso esforço pessoal, a vida será uma sequência de frustrações, e terminará em desespero, devido à nossa incapacidade de cumprirmos os padrões de Deus.

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(1) - BRUCE, F. F. "Comentário Bíblico NVI" - tradução Valdemar Kroker - Editora Vida - 2ª edição, 2012 - página 1.488; GREEN, Michael "2Pedro e Judas - introdução e comentário" - tradução Gordon Chown - Editora Vida Nova - 1ª edição, 1983, reimpressão 2011 - página 64

(1) - BRUCE, F. F. "Comentário Bíblico NVI" - tradução Valdemar Kroker - Editora Vida - 2ª edição, 2012 - página 1.488; GREEN, Michael "2Pedro e Judas - introdução e comentário" - tradução Gordon Chown - Editora Vida Nova - 1ª edição, 1983, reimpressão 2011 - página 66