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domingo, 17 de abril de 2022

UM RELACIONAMENTO BASEADO EM ARREPENDIMENTO E FÉ

 


por: José Augusto de Oliveira Maia

17.04.2022


“Sua intenção era chamar os pecadores, não os justos, para ter um relacionamento com Ele.”

A frase acima, embora pareça muito inspiradora, fica muito aquém da mensagem do Evangelho; sua construção é feita a partir de uma passagem bíblica situada em Mateus 9:9 – 13; Marcos 2:13 – 17; e Lucas 5:27 – 32; estas passagens finalizam com uma famosa frase de Jesus: “Eu não vim chamar justos, mas pecadores.”; Lucas, porém, complementa a fala de Jesus presente em Mateus e Marcos, escrevendo assim: “Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento.”

As circunstâncias dessa frase de Jesus são exatamente as mesmas nos três evangelhos sinópticos: Jesus está em seus primeiros tempos de ministério terreno, na região da Galileia, ao norte da Palestina, próximo ao mar da Galileia, realizando milagres, expulsando demônios e chamando os primeiros discípulos; seus ensinamentos já começam a incomodar os líderes religiosos entre os judeus, fariseus e mestres da Lei, que o acompanhavam de perto.

Antes de curar o paralítico em Cafarnaum trazido por seus quatro amigos (Marcos 2:1 – 12), “Jesus, vendo a fé deles, disse-lhes: ‘Homem, os seus pecados estão perdoados.’”; tal afirmação de Jesus foi tachada pelos fariseus e mestres da Lei como blasfêmia, ao afirmarem que apenas Deus tinha poder de perdoar pecados, questionando a autoridade de Jesus; no entanto, para demonstrar sua autoridade, Jesus lhes respondeu: “Por que vocês estão pensando assim? Que é mais fácil dizer: ‘Os seus pecados estão perdoados’, ou ‘Levante-se e ande’? Mas, para que vocês saibam que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados” (virou-se para o paralítico e disse): “Eu lhe digo: levante-se, pegue sua cama, e vá para casa.”; diante da cura miraculosa do paralítico conforme as palavras de Jesus, sua autoridade para perdoar pecados ficou manifesta.

É nesse contexto que Jesus chama Mateus (ou na versão hebraica, Levi), um judeu, coletor de impostos para o Império Romano, considerado um traidor e um corrupto pelos seus patrícios, para segui-Lo; diante do convite de Mateus para um banquete em sua casa, Jesus reúne-se naquela refeição com outros publicanos, e os fariseus seguem questionando seus discípulos; como um homem que reivindica para si a autoridade para perdoar pecados, reúne-se para uma refeição com pecadores como aqueles? Como um mestre pode ser seguido e reverenciado tornando-se cerimonialmente impuro ao comer com pecadores?

A resposta de Jesus é fulminante: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento.”

Notem que a postura dos fariseus e mestres da Lei era de condenação contra os publicanos e demais pecadores, julgando-se a sim mesmos isentos de pecado; essa postura foi sintetizada por Jesus na parábola do fariseu e do publicano (Lucas 18:9 – 14), na qual aqueles que confiavam em sua própria justiça terminavam condenados por Deus, ao passo que aqueles que se refugiavam na misericórdia de Deus encontravam Seu perdão.

Os fariseus e mestres da Lei tinham razão quando afirmavam que só Deus podia perdoar pecados; Jesus tinha e tem autoridade para perdoar pecados, pois ele é Deus; ele é o Salvador dado por Deus à Humanidade, cujo sacrifício pagou o preço exigido pela justiça divina para o perdão dos nossos pecados (Colossenses 1:13, 14; I Pedro 1:18 – 21), mediante a fé em Jesus.

No entanto, o chamado de Jesus aos que querem segui-lo começa com um chamado ao arrependimento; tanto fariseus quanto mestres da Lei julgavam-se justos, que não necessitavam de arrependimento, nem de um salvador, pois aos seus olhos sua justiça própria bastava para se apresentarem diante de Deus; o chamado de Jesus não era para estes, mas para aqueles que se reconheciam como pecadores e sabiam claramente de sua necessidade de um salvador; a estes Jesus estendia a graça do perdão, porém dizendo logo de início: “Arrependam-se!”.

O relacionamento para o qual Jesus chama os pecadores começa em dois pontos: arrependimento dos pecados e fé em um Salvador, Jesus Cristo; sem isto, não há um relacionamento, mas um engano permanente para aqueles que, não reconhecendo sua condição de pecadores, pretendem apresentar a Deus os trapos imundos de sua própria justiça, colocam-se longe da misericórdia divina e condenam-se à eternidade no inferno. Jesus não é apenas mais um bom mestre a quem você pode simplesmente escolher ou não seguir; ou ele é o seu Salvador, ou não será nada.