UBE Blogs

UBE Blogs

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Série de estudos sobre a Bíblia - 6ª parte


por:
José Augusto de Oliveira Maia
10.08.2015


A INTERPRETAÇÃO DAS ESCRITURAS

Tendo falado no último estudo desta série sobre a doutrina da inspiração das Escrituras, vamos agora tratar de outro tema, que é a interpretação da Bíblia.

De acordo com Ryrie, EXEGESE é o termo que define a interpretação da Bíblia e a revelação de seu significado; HERMENÊUTICA é o conjunto de princípios de interpretação que norteiam a exegese; ainda de acordo com ele, "(...) pensar sobre a questão da hermenêutica possui um propósito importante, pois força o intérprete a examinar as bases da exegese e a coerência de suas práticas interpretativas."(*). Ou seja, o intérprete da Bíblia deve prestar atenção se seus métodos são coerentes entre si, e se a interpretação bíblica feita a partir deles é sustentável.

Basicamente, encontramos a importância da hermenêutica na necessidade de uma correta interpretação da Bíblia, de forma a definirmos com a maior precisão a intenção original do autor dos textos bíblicos; sendo a Bíblia a Palavra de Deus, temos como obstáculos à sua interpretação a pecaminosidade humana, que acarreta em riscos e consequências negativas da má interpretação bíblica.

Assim, como características necessárias ao intérprete da Bíblia, podemos listar:

a) ser genuinamente convertido a Cristo: "Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, pois elas são discernidas espiritualmente." (I Coríntios 2:14)

b) ter uma verdadeira comunhão com Deus: "Respondeu Jesus: 'Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos nele morada.'." (João 14:23)


c) estudar a Bíblia com empenho e humildade: "Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite."; "Mas ele nos concede graça maior. Por isso diz a Escritura: 'Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes.'." (Salmo 1:2; Tiago 4:6)

d) pedir e receber a iluminação de Deus: "Abre os meus olhos para que eu veja as maravilhas da tua lei." (Salmo 119:18)

e) ter bom senso, honestidade e discernimento: "Ao contrário de muitos, não negociamos a Palavra de Deus visando lucro; antes, em Cristo falamos diante de Deus com sinceridade, como homens enviados por Deus."; "Antes, renunciamos aos procedimentos secretos e vergonhosos; não usamos de engano nem torcemos a Palavra de Deus; pelo contrário, mediante a clara exposição da verdade, recomendamo-nos à consciência de todos, diante de Deus." (II Coríntios 2:17; 4:2)

f) não ser precipitado em sua interpretação: "Tenham em mente que a paciência de nosso Senhor significa salvação, como também o nosso amado irmão Paulo lhes escreveu, com a sabedoria que Deus lhe deu. Ele escreve da mesma forma em todas as suas cartas, falando nelas destes assuntos. Suas cartas contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles." (II Pedro 3:15, 16)

PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO BÍBLICA

Além das características que um intérprete da Bíblia deve ter, alguns princípios devem ser observados na interpretação bíblica; são eles:

a) de acordo com a Confissão de Fé de Westminster (1.647), adotada pela maioria das igrejas presbiterianas, a Bíblia possui autoridade, e basta a si mesma para sua interpretação; ou seja, aqueles pontos que são mais difíceis de entender podem ser interpretados com base em outros pontos, onde o mesmo assunto é tratado mais claramente (CFW, 1:7, 9). Devem ser observados o propósito geral do texto (II Timóteo 3:16, 17), o objetivo do escritor e a revelação progressiva (Hebreus 1:1 - 3a)

b) a experiência de vida pessoal do intérprete deve ser submetida à autoridade da Palavra de Deus; interpretar a Bíblia com base em nossas próprias experiências pessoais produziria uma imensidão de interpretações conflitantes, além de sujeitar estas interpretações ao nosso estado pecaminoso

c) devem ser distinguidos os exemplos das ordenanças bíblicas (João 13:12 - 17); Jesus não mandou que os apóstolos lavassem literalmente os pés uns dos outros, mas usou isso como exemplo do serviço humilde que os filhos de Deus devem compartilhar entre si

d) a interpretação da Bíblia deve ser, de maneira geral, literal, contextualizada e atualizada; determinados trechos das Escrituras são claras alegorias, e não devem ser interpretadas ao pé da letra (exemplo, a poesia presente no livro de Cantares); porém, a grande maioria dos textos deve ser interpretada de forma objetiva, de acordo com o sentido natural do texto. O contexto em que ocorrem determinadas narrativas, e no qual são apresentadas a Lei (Antigo Testamento) e produzidas muitas dissertações doutrinárias (Novo Testamento), também deve ser considerado, sem invalidar os princípios por trás da Lei e das doutrinas; e a atualização, a aplicação prática destes princípios à nossa realidade hoje, deve ser o foco (veja Isaías 40:8; Marcos 13:31; Romanos 15:4; II Pedro 1:19)

Na continuação deste estudo, conheceremos as formas de interpretação bíblica, falando da adequação de cada uma ao conhecimento da Palavra de Deus.

Clique no link abaixo e veja o lançamento do livro "A FÉ CRISTÃ - SUA HISTÓRIA E SEUS ENSINOS"


https://www.clubedeautores.com.br/book/181552--A_FE_CRISTA?topic=teologia#.V9g4Yh4rLIU

(*) - RYRIE, Charles C. "Teologia Básica" - tradução de Jarbas Aragão - Ed. Mundo Cristão - 1 edição, 2004 - página 123

Nenhum comentário:

Postar um comentário