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quarta-feira, 24 de abril de 2019

A doutrina do culto a Deus



por:
José Augusto de Oliveira Maia
23.04.2019


A DOUTRINA DO CULTO A DEUS

Introdução

O propósito deste texto é apresentar a doutrina bíblica sobre o culto a Deus, em três aspectos: as marcas do culto verdadeiro, o culto e a doutrina cristã, e o significado escatológico do culto. A versão básica adotada do texto bíblico será a Nova Versão Internacional (NVI).

1.) Definindo o termo "culto"

No sentido religioso, culto (ou adoração) é o ato de se prestar honras a uma divindade.

2.) As marcas do culto verdadeiro

Em Deuteronômio 6:4, 13 - 15, lemos a advertência a Israel de que "O Senhor nosso Deus é o único Senhor."; Israel era instruído sobre quem era o Deus que adorava, e que Ele era o único digno desta adoração; Deus é apresentado a Israel como um Deus zeloso, e o culto oferecido a outros deuses era uma ofensa contra o verdadeiro Deus e Senhor, tendo como consequência a destruição de Israel.

Olhando para João 4:4 - 26, encontramos o diálogo de Jesus com a mulher de Samaria; em seu objetivo de levar a mulher à salvação, Jesus constrói este diálogo iniciando com a oferta da água da vida; mas a mulher não iria pedi-la a Ele, uma vez que ela não sabia quem Ele era (v. 10), assim como os samaritanos adoravam ao que não conheciam (v. 22). Jesus então demonstra a ela Sua onisciência, revelando-lhe Seu conhecimento sobre sua vida conjugal (vs. 16 - 18), despertando nela o interesse pela adoração verdadeira; ao constatar a profundidade de Seu ensino, a mulher se recorda: "Eu sei que o Messias (chamado Cristo) está para vir; quando ele vier, explicará tudo para nós." (v. 25). Jesus revela-se a ela, (v. 26), diante da percepção da mulher que está diante de alguém que pode ser o Cristo (vs. 28 e 29).

Finalmente, atentando para o texto de Romanos 12:1 e 2, encontramos Paulo falando sobre o culto a Deus como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; esta forma de culto é descrita de forma prática no versículo 2, exortando à rejeição dos padrões mundanos de vida e à transformação da mente, isto é, da forma de pensar.

Comparando-se estes três textos, vemos que o verdadeiro culto a Deus:

  • necessita de um conhecimento correto sobre quem é Deus, de acordo com a Sua própria revelação 

  • expressa-se através de um viver transformado, como fruto do conhecimento advindo desta mesma revelação 

Portanto, o culto a Deus não está na prática ritualística vazia, desprovida de sentido, nem em circunstâncias exteriores (compare com Isaías 66:1 - 4 e Jeremias 9:23 e 24).

3.) O culto e a doutrina cristã

Embora os primeiros cristãos tivessem o hábito de se reunir todos os dias (Atos 4:26), encontramos dois textos que evidenciam a prática de encontros dominicais, uma vez que a ressurreição do Senhor havia acontecido no primeiro dia da semana (veja Atos 20:7 e I Coríntios 16:1 - 4); o culto cristão primitivo trazia elementos presentes no culto judaico nas sinagogas, salvo a celebração da Ceia (veja Atos 13:14 e 15 e I Coríntios 11:23 - 26).

Assim, as orações, os cânticos, a leitura e exposição das Sagradas Escrituras uniram-se à celebração da Ceia no culto cristão primitivo, com a preocupação de que tudo fosse feito de forma a promover a edificação dos irmãos (I Coríntios 14:26). Essa edificação, necessariamente, passaria pela promoção do ensino da doutrina cristã e da proclamação da mensagem do Evangelho de Cristo (Atos 2:42; Efésios 4:11 - 16; II Pedro 1:3 e 8).

Por isso mesmo, encontramos nos cultos hoje hinos que são cantados em louvor a Deus, e ao mesmo tempo, proclamam e ensinam a doutrina cristã; alguns exemplos, extraídos do "Hinário para o Culto Cristão", seguem abaixo:

HCC 13: Ensina sobre os atributos divinos: sabedoria, perfeição, imortalidade, glória, supremacia, imutabilidade, entre outros.

HCC 90: Ressalta a encarnação de Cristo, essencial no plano de salvação.

HCC 264: Canta o sacrifício vicário (substitutivo) de Cristo por nós, e proclama Seu perdão.

HCC 140: Anuncia a ressurreição do Senhor, e ensina sobre a vida eterna assim concedida a todos os que creem.

HCC 155: Proclama a promessa da segunda vinda de Cristo, a execução da Justiça de Deus, e a salvação eterna de Sua Igreja. 

4.) O significado escatológico do culto

Sendo que a finalidade do culto é a adoração e a proclamação de Deus, no qual a doutrina cristã e a mensagem do Evangelho devem estar presentes, algo de mais excelente deve estar presente pra dar sentido a esta celebração; a esperança escatológica, isto é, a segunda vinda de Cristo, para o estabelecimento final do Reino de Deus, a vitória de Deus sobre o pecado e a rebelião promovida por Satanás, a salvação final da Igreja e o castigo definitivo sobre a Humanidade rebelde, dão o sentido final ao culto; sem a presença desta esperança verdadeira, o culto seria apenas uma expressão religiosa coletiva, mas na prática, sem um significado real.

Referências bibliográficas

ELWELL, Walter A. "Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã" - Tradução de Gordon Chown - Ed. Vida Nova - 1ª edição, reimpressão em volume único, 2009 - volume 1, pg. 21 e 22

GONZÁLEZ, Justo L. "E até os confins da terra: uma história ilustrada do cristianismo" - Tradução de Key Yuasa - Ed, Vida Nova - 1ª edição, 1980; reimpressão em 2008 - volume 1, pg. 150

MORRIS, Leon "1º Coríntios - Introdução e comentário" - Tradução Odayr Olivetti - Ed. Vida Nova - 2008 - pg. 130

FRANGIOTTI, Roque "Padres Apostólicos" - Tradução Ivo Storniolo, Eucldes M. Balancin - Ed. Paulus - 4ª edição, 2008 - pg. 353 e 354

HURTADO, Larry W. "As origens da adoração cristã" - Tradução A. G. Mendes - Ed. Vida Nova - 2011 - pg. 47 a 49, 137 e 138 

"Hinário para o Culto Cristão" - JUERP - 1ª edição, 1990; 5ª reimpressão, 1997





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