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sábado, 12 de setembro de 2015

Série de estudos sobre a Bíblia - 7ª parte


por: José Augusto de Oliveira Maia
10/09/2015



AS FORMAS DE INTERPRETAÇÃO DAS ESCRITURAS

Continuando a nossa série de estudos sobre a Bíblia, vamos agora analisar 3 formas de interpretação da Bíblia: a tipologia (exemplos e méritos), a alegoria (exemplos e riscos) e a interpretação de parábolas (exposição e aplicação prática do método).

A DIFERENÇA ENTRE TIPOLOGIA E ALEGORIA

A TIPOLOGIA é uma forma de interpretação do texto bíblico que utiliza o método gramático-histórico, considerando o sentido real das palavras e o contexto histórico em que o texto foi escrito; a tipologia é aplicada especialmente ao Antigo Testamento, buscando encontrar elementos que apontavam para a obra redentora que Cristo realizaria.

Um excelente exemplo de tipologia é encontrado em Hebreus 9:1 - 15; o autor traça um paralelo entre os rituais da Lei e do primeiro tabernáculo e o sacrifício de Cristo na cruz, como mediador da nova aliança.

Outro exemplo de interpretação tipológica pode ser encontrado na celebração da Páscoa judaica em Êxodo 12:1 - 13, que apresenta o sacrifício de Cristo na cruz para salvação da Humanidade.

A interpretação tipológica possui os seguintes méritos:

i) reconhece a autoridade da Bíblia como Palavra de Deus

ii) aceita a própria Bíblia como sua melhor intérprete

iii) reconhece a necessidade de iluminação do Espírito Santo

iv) limita a interpretação ao que está escrito no texto, evitando especulações e desenvolvimentos antibíblicos

Para uma compreensão mais profunda do tema e da importância da interpretação tipológica, recomendo a leitura do capítulo 6 do livro "O que estão fazendo com a Igreja", do reverendo Augustus Nicodemus Lopes, publicado pela editora Mundo Cristão.

Já a ALEGORIA é uma forma de interpretação do texto bíblico que procura encontrar metáforas expandidas, atribuindo a um determinado elemento do texto um significado que vai muito além do sentido evidente. Era muito usado por Orígenes (185 - 254), teólogo da Igreja em Alexandria, Egito ("A Bíblia e sua história" - Sociedade Bíblica do Brasil - 2006 - pg. 102).

Como exemplo podemos ver a interpretação alegórica que Orígenes apresenta da multiplicação dos pães e peixes, narrada em Marcos 6:30 - 44:

* a grama = carne (natureza pecaminosa); o povo assentou-se sobre a grama = humilhou a carne para receber o pão = a Palavra de Deus

* os grupos de 100 são sagrados, pois 100 é um número completo; os grupos de 50 representam o perdão dos pecados (fica difícil entender que critérios Orígenes utilizou aqui para definir o significado destes números)

Como outro exemplo, podemos aplicar a alegoria à narrativa do Dilúvio em Gênesis caps. 6 a 8:

* a arca pode representar a Igreja de Cristo, e os que estão dentro dela são os salvos; ou pode representar a cruz e o sacrifício de Cristo, através do qual veio a salvação ao mundo

* a água pode representar a ira de Deus sobre o pecado; mas também pode representar as águas do batismo para aqueles que são salvos

Como vimos acima, uma das fragilidades da interpretação alegórica está em estabelecer de forma clara os critérios pelos quais ela define o significado dos elementos do texto; entre outras fragilidades, podemos relacionar também:

i) indo além do texto, o intérprete que usa a alegoria corre o risco de fugir do sentido original do texto

ii) fugindo do sentido original, tende a submeter a interpretação do texto bíblico à experiência pessoal do intérprete

iii) submetendo o texto bíblico à experiência pessoal do intérprete, dá margem a interpretações contraditórias; esta confusão pode levar os ouvintes, principalmente os incrédulos, a duvidar da infalibilidade da Bíblia como Palavra de Deus, e questionar sua autoridade

A INTERPRETAÇÃO DE PARÁBOLAS

No original grego, o termo "PARÁBOLA" tem o sentido de "por lado a lado", "comparar". (fonte: texto do Pastor José Humberto de Oliveira na revista "Examinai as Escrituras", Editora Cristã Evangélica - 2005; reimpressão 2012, página 28)

Como gênero literário, a parábola caracteriza-se por ser construída a partir da realidade conhecida pelo leitor/ouvinte, e contém um ensinamento; as parábolas de Jesus apresentam ensinamentos sobre o Reino de Deus.

Um método que pode ser utilizado para a interpretação das parábolas passa pela análise dos seguintes elementos:

1 - A quem a parábola é dirigida

2 - Qual o contexto social dos ouvintes

3 - Qual o contexto em que ela é apresentada

4 - Como ela começa, e como ela termina

5 - Qual o ponto central da parábola

6 - Qual a reação dos ouvintes/leitores

Como exemplo prático da aplicação deste método, vamos utilizá-lo com a Parábola do Juiz Iníquo, narrada em Lucas 18:1 - 8.

Pergunta 1: a quem a parábola é dirigida? 
Resposta: aos discípulos de Jesus (Lucas 18:1)

Pergunta 2: qual o contexto social dos ouvintes? 
Resposta: eram israelitas, acostumados à figura da viúva desamparada, e dos juízes que julgavam o povo

Pergunta 3: qual o contexto em que a parábola é apresentada?
Resposta: Jesus está encerrando seu ministério na Galileia, e segue rumo a Jerusalém (Lucas 17:11)

Pergunta 4: como ela começa, e como termina?
Resposta: apresenta os personagens (o juiz e a viúva); a problemática que envolve os dois; e termina com o juiz cedendo à demanda da viúva

Pergunta 5: qual o ponto central da parábola?
Resposta: a certeza da justiça de Deus, em prol dos justos e oprimidos; num contexto maior, a parábola enfatiza a esperança escatológica, quando Deus julgará o mundo, punindo os pecadores impenitentes e salvando os justificados pela fé em Cristo

Pergunta 6: qual a reação dos ouvintes
Resposta: no caso analisado, Lucas não descreve a reação dos ouvintes; porém, a reação esperada é uma maior confiança na justiça divina

Na continuação deste estudo, nosso próximo tema será a unidade da Bíblia.


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