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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Cristianismo Verdadeiro - 6ª parte


por:
José Augusto de Oliveira Maia
14.11.2016




SÉRIE DE ESTUDOS SOBRE O LIVRO "CRISTIANISMO VERDADEIRO", DE WILLIAM WILBERFORCE (*)

CAPÍTULO VI - verificando a situação atual do cristianismo


Se você acompanhou esta série de estudos até aqui, sabe que o britânico William Wilberforce, escritor cristão reformado, cujo livro "Cristianismo Verdadeiro" estamos estudando, viveu entre o final do século XVIII e início do século XIX, mais precisamente, de 1.759 a 1.833; seu livro foi escrito em 1.796, no qual tece uma série de análises sobre o cristianismo de seu tempo, contrapondo o cristianismo nominal com a verdadeira fé e prática da vida cristã, e busca despertar os leitores a um compromisso efetivo com Cristo, e a uma vida transformada, fruto do novo nascimento. 


Desta forma, a verificação que ele se propõe a fazer neste sexto capítulo sobre a situação atual do cristianismo, está contextualizada em sua época; no entanto, suas constatações são extremamente válidas para o cristianismo de nossos dias. 

Em sua análise, Wilberforce verifica que a presença da fé cristã na sociedade sempre elevou o padrão geral de moralidade; virtudes que anteriormente eram raras tornaram-se comuns; no entanto, com o passar do tempo, este efeito é notado igualmente nos cristãos e nos pagãos, dada a incorporação dos valores morais presentes no cristianismo pela sociedade; portanto, a verificação da situação do cristianismo a qual nosso autor nos convida não deve se deixar levar pelas aparências externas. 

Ou seja, padrões morais referendados pela fé cristã tornaram-se, com o tempo, comuns a pagãos e cristãos; assim, a presença de valores morais cristãos não pode servir sozinha como referencial de uma fé cristã madura no seio da sociedade. 

Em tempos de perseguição, o cristianismo floresce, uma vez que tais circunstâncias não abrem espaço para os cristãos mornos; por outro lado, em tempos de bonança, ocorre o efeito oposto; "Os soldados da Igreja militante têm então a tendência de esquecer que estão em guerra. Seu ardor afrouxa e seu zelo definha." pág. 125); citando John Owen (teólogo, escritor e pastor inglês, 1.616 - 1.683), Wilberforce refere-se a uma comparação sua entre a religião próspera e uma colônia estabelecida em um país estrangeiro. Ela passa a ser assimilada em suas características, comportamento e língua pelos habitantes nativos, até que todos os vestígios de sua distinção tenham desaparecido. 

A prosperidade do cristianismo na sociedade, via de regra, afrouxa o zelo pela fé em suas características mais peculiares; os preceitos e princípios cristãos ratificados pela lei comum do país incorporam-se aos costumes da sociedade, fazendo dela, aparentemente, uma sociedade cristã; "mas seja lá o que for ímpar no verdadeiro cristianismo e deva ser constantemente cultivado na mente, os cristãos nominais considerarão cada vez menos, até que seja totalmente esquecido." (pág, 127). Em especial, as doutrinas específicas da fé cristã, sem as quais a mesma não se caracteriza, nem se distinguem. 

Wilberforce descreve a decadência do cristianismo na sociedade inglesa em fins do século XVIII como fruto do abandono do ensino doutrinário cristão nas igrejas; a moral cristã passa a ser valorizada sem sua base doutrinária, passando a ser absorvida por todos, pagãos ou cristãos, como um fim em si mesma; a Inglaterra reduziu o cristianismo a um mero sistema ético; porém, sem a base doutrinária da moralidade cristã, a natureza corrompida do Homem tende a abandonar esta última ao sabor de seus interesses. Sem o Deus que determina o certo e o errado, essa determinação passa a ser do próprio Homem.

O que ocorria na Inglaterra no tempo de Wilberforce não era uma novidade na História do Cristianismo; já no tempo da expansão cristã após o século IV, muitos povos pagãos aderiram ao cristianismo, absorvendo seus costumes, linguajar, ritos e símbolos; porém, longe de uma genuína conversão, muitos dos costumes e conceitos destes povos pagãos foram preservados e mascarados em uma falsa religião cristã, ao mesmo tempo em que influenciavam a Igreja, que gradualmente afastava-se das doutrinas da Graça e desenvolvia falsas doutrinas, afastando as pessoas do Evangelho deixado por Jesus Cristo e pregado pelos apóstolos.

Da mesma maneira, em nossos dias muitas igrejas institucionais têm se afastado do ensino dos fundamentos do Evangelho, ensinando doutrinas supostamente baseadas na Bíblia; as doutrinas cristãs fundamentais, entre elas a corrupção geral da Humanidade pelo pecado, a necessidade da fé em Jesus Cristo como Salvador na reconciliação do Homem com Deus, a perseverança no Caminho graças à atuação do Espírito Santo, são vagas ou estranhas entre os membros dessas igrejas, que adotando o nome de "evangélicas", ensinam crenças e práticas inúteis à salvação, ou mesmo absolutamente antagônicas à mensagem de Cristo; torna-se cada vez mais urgente o levantar de servos de Deus que resgatem o ensino das doutrinas distintamente evangélicas, e a manifestação dos filhos de Deus que creiam e vivam o Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador!

(*) - WILBERFORCE, William "Cristianismo Verdadeiro"; Editora Palavra, 2006; tradução de Jorge Camargo

click no link abaixo (ou copie e cole no seu browser), e leia um trecho do livro "A Fé Cristã - sua história e seus ensinos"

http://www.clubedeautores.com.br/book/181552--A_FE_CRISTA#.WC2bNdUrLIU





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